Em uma noite de fevereiro, após
meses de espera, você recebeu em seus braços carinhosos, aquele que gerou de
suas próprias forças.
A parti daí, seus dias e suas noites
nunca mais seriam as mesmas. O pequenino precisou de alimento e você lhe deu
seu seio. Precisou de cuidados e você deu dedicação exclusiva em detrimento de
seu descanso, de suas horas de sono.
Foi você quem lhe manteve a vida.
Quem lhe ensinou a sorrir, a pronunciar as primeiras palavras, a equilibrar-se
nos primeiros passos...
Os anos foram passando céleres.
Algumas vezes eram seus machucados resultantes das estripulias, outras vezes a
febre, uma infecção de garganta, uma dor de ouvido. Em todos estes momentos,
você foi a enfermeira abnegada, que a tudo curou.
Por fim ele cresceu... ficou maior
do que você mesma, se tornou-se adulto. Acabou ai sua atenção? Nem pensar...
Aquele menino quis ser soldado.
Viver em um regime duro, disciplinado. Diariamente teria contato com armas de
fogo, com treinamentos físicos forçados e você temia por seu bem estar, por sua
vida.
Quantas vezes, depois de chegar ao
local de alguma missão, ao procurar algo em sua mochila, ele encontrava as
guloseimas que você habilmente havia ali infiltrado sorrateiramente, você não
queria que seu menino passasse fome.
Seu filho se achou homem. Seu coração
apaixonou-se perdidamente e para sempre, por uma filha de outra mãe e ele alçou
vôo para fora do ninho. Quantas lágrimas você derramou escondida? Quantos
temores? Quanta falta no ninho vazio...
O tempo passou mais ainda. Veio a
primeira neta, a vida se renovava. Seu primogênito crescia profissional e
intelectualmente, a vida seguia seu curso.
Seus lindos cabelos negros, agora já
estavam prateados pelo tempo. Seu corpo já não dispunha mais de tantas
energias, mas eis que seu filho cai novamente...
Desta vez, foi o maior de todos os
tombos. Abriu-se uma ferida que jamais cicatrizaria. Seu bebê precisou de colo
novamente e, você mulher mãe, não titubeou em socorrê-lo.
Você juntou forças que só as mulheres
são capazes de conseguir e não deixou que se rebento morresse, mesmo que já houvesse
folhas murchas. Com carinho imenso e abnegação, soube regar, orar e esperar.
Você não podia fraquejar, um filho e uma neta precisavam de suas forças e de
seu amor ilimitado.
Mãe, que a Mãe de todas as mães, sempre
lhe abençoe e proteja de todos os perigos da vida. Que sua luz nunca se apague
e que seus braços nunca se fechem. Que seu colo que hoje abriga seus filhos e
seus netos, sempre seja o nosso porto seguro.
Parabéns pelo seu dia!
É o desejo de seu filho que somente
existe, porque você existe.
Te amo!
Port-au-Prince,
08 de maio de 2011.