domingo, 22 de julho de 2012

Porquê as mulheres choram...

            A hora de ela partir estava próxima...
            Eu a retinha em meus braços e, em um silêncio que fala muito mais do que palavras, nossos olhos namoravam-se.
            Em um gesto inconsciente de retê-la para sempre junto a mim eu a abracei, trazendo-a fortemente para junto do meu peito.
            O coração que outrora era meu, mas que hoje não mais me pertence sentia as batidas do coração dela.
            Os minutos passaram céleres...

            Em determinado momento eu senti o seu peito arfar de um jeito que eu já conhecia...
            Afrouxei os meus braços e a mirei. Então percebi que de seus olhos cor de mel, escorriam águas.
            Hoje eu sei o que isto significa. Porquê as mulheres choram, mesmo nos momentos mais felizes...
            Elas choram, não pelo momento de felicidade, mas por pensarem que talvez no futuro não tenham mais isto.
            Choram por sentirem-se compreendidas e amadas.
            Na presença de quem amam, choram por pensarem em uma futura separação.
            Depois de períodos de sombra, choram pela luz que lhes chegam ao coração.

            Em silêncio eu beijei os seus olhos, procurando enxugá-los.
            Ela ainda incapaz de falar sobre o que lhe ia na alma, emocionada falou: “Vá se acostumando, eu sou muito emotiva mesmo”, como se isto fosse algo que a desabonasse. Na verdade somente me faz admirá-la ainda mais.
            Em quantas situações hoje podemos deixar fluir o que sentimos?
            Na presença de quantas pessoas nos encorajamos a sermos o que realmente somos?
            Bem poucas, por certo...

            Minha Princesa, que seja assim para sempre. Que não nos furtemos a sermos o que realmente somos. A demonstrar o que realmente sentirmos e principalmente que nossos olhos nunca deixem de perceber isto.
            Te adoro!

            Lages-SC, 22 de julho de 2012.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Lágrimas de amor

Lágrimas de amor

            Ele olhou nos olhos dela e disse: - Preciso te falar algo que é muito importante para mim. Pela expressão que ele fez, ela percebeu que não se tratava de mais uma brincadeira e então, sentou-se sobre a ponta da cama e silenciou.
            - Você lembra o que escrevi em um de meus textos sobre esvaziar gavetas e armários? Ela respondeu que sim.
            - Pois bem, vou te mostrar de que eu estava falando. Eu falava disto, disto, disto... Foi falando ele enquanto abria uma série de gavetas e portas de armários, deixando a mostra diversas peças de roupas femininas.
            Ela pareceu ficar chocada, apenas olhava para ele. – Pois é, é isto. Já se passaram mais de seis anos, porém eu ainda não havia tido coragem de me desfazer das roupas dela, porém hoje me sinto encorajado... Você me ajuda a fazer isto? Ela moveu a cabeça afirmativamente, continuando em silêncio e olhando para os olhos dele...
            Ele sentiu-se novamente acolhido por ela. Em vez de censurá-lo ou fazer uma cena de ciúmes, ela olhava mais do que para os olhos dele, perscrutava a sua alma, a sua dor.
            Aquele olhar dizia muito mais do que simples palavras... Ele então sentou-se ao lado dela e a abraçou...
            Também ele não tinha mais palavras... Apertou-a fortemente de encontro ao seu peito e ficaram ali, duas almas afins, coração com coração.
Os minutos demoraram horas para passar...
Quando ele a soltou, procurou os olhos dela e os encontrou marejados... Percebeu sem surpresa que ela podia sentir toda a dor por qual ele já havia passado e o entendia. Sim, ela o entendia. O aceitava como era e estava disposta a ajudá-lo, por acreditar que ele merecia isto, que valeria a pena.
As mãos dele tocaram a pele branca e macia do rosto dela, enquanto ela continuava a fitá-lo de uma forma tão especial que ele jamais irá esquecer. Atordoado, instintivamente as mãos dele tentaram acariciar o coração dela, foi a forma que ele encontrou para agradecer.
- Vamos lá? Falou ele com convicção, levantando-se a um só movimento e quebrando a nostalgia que se instalava.
E assim foi...
Em alguns minutos as gavetas e armários ficaram vazios, enquanto caixas e sacolas se enchiam. Aquelas roupas seriam doadas e poderiam ser úteis a outras pessoas.
O coração dele também abria espaço para outro coração. Suas crenças sobre o amor estavam mudando. Ele agora acreditava que poderia sim amar novamente e este amor já tinha endereço certo.
Ele ouviu de muitas pessoas que o tempo curaria as feridas..., mas agora entendia que não era somente o tempo capaz de fazer isto, mas principalmente um coração capaz de fazer com que seu coração quisesse isto.
E foi assim...
Ela chegou a sua vida para o desequilibrar. Para revirar seu mundo certinho. Para quebrar a sua redoma cuidadosamente construída. Para por em dúvidas as suas maiores certezas.
Enfim, para ensinar-lhe a viver. A acreditar que vale a pena continuar vivendo e viver intensamente.

Obrigado minha linda bruxinha.

Florianópolis, 09 de julho de 2012.